Pico dos Marins com chuva, vento, neblina – e o novo MONA


Dia nublado e rampas escorrendo água. cada dia na montanha é muito diferente de outro. Preste atenção na seta pintada com pincel, que é a sinalização antiga desta trilha.
Fazia um bom tempo que eu não subia o Marins. Essa é uma daquelas montanhas que você curte muito durante um tempo e parece que do nada, dá uma calibrada na bússola e esquece de revisitá-la de vez enquando.
A última vez que estive no Marins foi em julho de 2016 com o Jorge. Hoje ele está com 17 anos, e na ocasião curtiu muito a aventura de estar no teto do estado de São Paulo, ahahahaha.

Com o Jorge em 2016. Dia de inverno na Mantiqueira.
Depois dei uma focada em outros lugares e foi apenas com o Victor Deantoni que numa mensagem quando eu estava na Argentina, assuntou sobre fazer a caminhada em dois dias, ao que logo me articulei para irmos.
A estação não está das melhores aqui na Mantiqueira. Este fevereiro está muito chuvoso, mas como a previsão era de chuva apenas no final do dia, saímos de São Bento do Sapucaí as 09h00 e em menos de 2h30 estávamos no Acampamento Base Marins, onde há um lugar seguro para estacionar e onde há pouso e refeições.

Vitor e Victor no Morro Careca, com o Marins encoberto pelas nuvens.

Trecho de escalada no meio do caminho. Cuidado!
Logo na chegada, o proprietário me pergunta sobre o que eu acho da montanha ter sido declarada MONA. Não tenho muita opinião a respeito. Há prós e contras, mas a priori, é bom que a montanha seja protegida. Resta saber quais as restrições que possivelmente sejam aplicadas aos esportes de montanha. A Serra Fina continua enrolada com fechamentos e aberturas a bel prazer dos proprietários, então o que nos garantiria presevação e acesso a essas áreas?
No início da trilha, vejo uma placa de aviso para fazer reserva antecipada para subir a montanha e obrigatoriedade de shit tube (acho ok pois evita contaminar os parcos pontos de captação de água).
Apósd três meses de chuvas intensas na Mantiqueira é de se esperar que a trilha esteja bem úmida e escorregadia, e essa previsão se confirma rapidamente. Após o Morro Careca a trilha está mais seca e quase sem barro. Novidade são as marcações em formatos de seta que indicam o caminho. Ótimo e obrigado Fundação Florestal, pois são discretas em comparação com as antigas pichações e tem um adesivo refletivo para ajudar a localização noturna. Um outro tipo de placas tem um código de barra com o telefone do Corpo de Bombeiros e um número que indica qual o local que a pessoa está, caso necessite de resgate.

Neste ponto havia duas das placas novas.

O local de acampamento tem água e alguns lugares não muito bons para montar a barraca, mas nessa trilha lugar plano quase não existe.

Noite de muitos raios.

O jantar teve de ser na barraca
Chegamos no acampamento antes das 16h00 e montamos rapidamente a barraca, o que se mostrou bem útil, pois em menos de meia hora depois, a chuva chegou e durou a noite toda, com intervalos de pouco tempo entre uma tempestade e outra.
A subida até o topo no dia seguinte foi na base no GPS (uso o Gaia) e caçando as setas, pois a neblina permeneceu durante todo o dia na altitude acima das 2000m. Visibilidade abaixo dos 20 metros em vários trechos e quanto mais subíamos, mais forte o vento nos açoitava,
Fazer a subida do Pico dos Marins não é uma mega aventura, mas exige algum preparo e bom condicionamento, quer seja se você planejar realizá-la em um ou dois dias, o respeito deve ser o mesmo. Vá com alguém que conheça na primeira vez e tenha um GPS de backup com o tracklog atualizado.

Visibilidade prejudicada

Topo!
Eliseu Frechou
Guia de montanha e instrutor de escalada. Iniciou no esporte em 1983 e desde então se dedica ao montanhismo e à escalada tempo integral atuando em diversos segmentos, mas principalmente na organização de expedições, produção de documentários e filmes.
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