Falésia do Lagarto
Após 4 meses de incertezas causadas pela COVID-19 e sabe-se lá quantos mais por vir, a comunidade de escaladores de São Bento do Sapucaí procurou alternativas para que seja possível uma retomada da escalada em nossa região. A carta aberta publicada no final deste post, explica bem como a reabertura será possível, e como os escaladores devem se portar para que estes points continuem abertos, e outros, baseados no comportamento e observação destes, possam gradualmente terem as porteiras destrancadas para nosso esporte. A postura mundial em relação ao comportamento em áreas públicas e privadas está mudando, então adeque-se para manter uma boa imagem dos escaladores.
Um dos points que estarão sendo reabertos, é a falésia do Lagarto em Paraisópolis, MG. O lugar é no mínimo peculiar, quando se fala do tipo e qualidade de rocha, que destoa completamente das outras falésias do sul de MG e São Bento.
A rocha é áspera, os regletes são pequenos, e a escalada flui por meio de um exigente trabalho de pés. Não adianta ter força, querer se puxar. Para se dar bem na regletera, é preciso ter técnica, calma e bastante magnésio.
A galera que esteve limpando as agarras e preparando algumas vias para a reabertura, checou as bases de algumas vias – que podem ser facilmente identificadas, pois estão escovadas e varridas. Foram trocadas algumas bases e chapeletas antigas de cantoneira e spits de 5/16”, foram substituídas por parabolts de 3/8”.
Das 26 vias da falésia, neste primeiro momento, por enquanto apenas Lepra, Antes que a chuva cai, Zé Arruela e Império das saúvas estão atualizadas e com grampeação inspecionada. Não há nenhum compromisso dos escaladores locais em reformar mais vias a curto prazo. Cabe à quem for lá, ajudar também. Quem tiver interesse em contribuir, é só escolher uma via e tomar pra cima escovando as agarras. A troca de proteções fixas de 5/16” está permitida, mas por favor use um sistema de parabolt 3/8”. Não use grampos P pois não são padrão em São Bento e região. Qualquer dúvida, pode me ligar no (12) 3971.1470.
Betas
O croqui com todos os setores e vias, você encontra no Manual de Escaladas da Pedra do Baú e região. que pode ser adquirido nas lojas de equipamentos de montanha.
EQUIPAMENTOS: uma dúzia de costuras para as vias fixas e uma base (todas as bases da falésia são duplas) e um jogo de friends para as vias de proteções móveis são suficientes. Leve clipstick, pois em geral a primeira proteção é alta.
Quem desejar entrar em outras vias, deve levar escova para limpar as agarras e malha rápida para eventual abandono.
ACESSO: Estacione o carro no local indicado, no acostamento da rodovia, logo após o restaurante Coqueiro, em frente ao Haras Patemar (exatos 3,6km a partir do trevo de Gonçalves). Passe por baixo da cerca de arame, onde há um mourão marcado com tinta amarela.
Não use o acesso da fazenda. Escale em silêncio, passe desapercebido ao máximo.
Não acenda fogo, fogareiro ou cigarro, pois o capim do pasto é altamente inflamável – e esta é uma recomendação do proprietário que se você não for capaz de cumprir, não deve ir ao local.
História
A falésia do Lagarto foi estabelecida entre 2002 e 2003. A abertura das 26 vias só foi possível graças ao formato pioneiro do Festival de Escalada BloX. O sistema deste festival era o de os escaladores locais abrirem um novo setor em segredo, e no dia do festival, no ato da inscrição, os participantes recebiam um mapa e o croqui das vias. O valor da inscrição sempre pagou os gastos de viagem e proteções fixas, e assim lugares como o Lagarto, Blocos do Serrano (2 setores), falésia do Machadão (9 vias) e Aerolitos puderam ser desenvolvidos e entregues à comunidade. O festival acontecia no dia de sábado, e a noite rolava uma festa nos clubes de São Bento ou Paraisópolis, aberta a população.
No BloX 2003 participaram do equipamento das vias muitos escaladores que moram em São Bento e ainda estão na ativa, como o Rogério Santos, João Alberto Costa, Arjuna Sundara, Marco Aurélio “Lello”, Charlie Alves e eu.
Posteriormente aconteceu um BloX Experience no Morro do Anhangava, que inaugurou o setor Interiores e teve a festa no Ginásio Campo Base de Curitiba. Esta versão paranaense foi a quinta e última edição.
Carta Aberta de Orientação sobre a Escalada durante a Pandemia 2020 em São Bento do Sapucaí e Sul de Minas
Data base: 24 de Julho de 2020
Saudações amigos e amigas da montanha.
Reforçamos que a prática de escalada no município de São Bento continua proibida segundo os Decretos Municipais 3.601 de 20 de março e 3.665 de 14 de julho, pois ”fica determinado o fechamento de todos os atrativos turísticos, públicos ou privados, naturais ou não, em todo território do município.”
Continuamos com uma grande preocupação em relação à saúde pública e não acreditamos que se possa relaxar qualquer cuidado ainda nesse momento.
A nossa ação pretende agir na prevenção de uma retomada abrupta. Não estamos incentivando o movimento de reabertura e sim organizando e sugerindo a mínima movimentação e contato neste momento. Logo, esta é uma oportunidade de orientar e ordenar aqueles que desejam retornar a escalar nos municípios vizinhos à São Bento e pertencentes ao Estado de Minas Gerais.
Nossa intenção é propor uma maneira que gere o menor impacto possível, pois se nenhuma ideia for trabalhada, bem pensada e colocada em prática agora, outras aparecerão com o risco de se atender ao desejo pessoal e não ao cuidado do coletivo.
Em contato com os proprietários e com a comunidade local, novamente reafirmando a nossa preocupação com a saúde pública, obtivemos diversos retornos sobre o desejo de como poderemos usufruir das propriedades para a prática de escalada. Ficou claro que ainda há certo receio nessa retomada, portanto nem todos os locais de escalada poderão ser frequentados !
Abaixo seguem as recomendações gerais e também uma planilha com as informações dos locais, número máximo de escaladores, situação de cada pico e o agendamento/inscrição virtual. NESTE MOMENTO SÓ PODEREMOS FREQUENTAR OS SETORES NO SUL DE MINAS E PRÓXIMOS A SÃO BENTO ONDE FIZEMOS A COMUNICAÇÃO COM OS PROPRIETÁRIOS. Contamos com todos vocês para manterem o link atualizado: https://sbsclimb.blogspot.com
2. Todas as recomendações dos órgãos sanitários serão exigidas para a prática das atividades, os locais de escalada não são locais alienados à realidade da pandemia, portanto o uso de máscara é recomendado, exceto para quando estivar na via.
3. Siga o link de inscrição – https://sbsclimb.blogspot.com – e evite o contato com os proprietários. Respeite o trabalho da comunidade local de escaladores.
4. Não é hora de vir escalar todo final de semana e tampouco o momento de ficar o dia inteiro nos locais. Não recomendamos escalar pelo mesmo tempo e com a mesma frequência que você escalada antes da pandemia.
5. Respeite os horários, escale das 8h00 às 12h00 e das 13h00 às 17h00. Em 2 turnos dobraremos a capacidade dos setores. Seja solidário com todos os escaladores que optarem por escalar nesse momento, além disso, não perturbe os proprietários, portanto, não vá mais cedo e não permaneça até mais tarde.
6. Fizemos adaptações para nos distanciar dos proprietários, mesmo que isso signifique rodar mais de carro e caminhar mais até as bases. Atenção às informações da tabela e do link – https://sbsclimb.blogspot.com – quanto à quantidade de escaladores, acesso e estacionamento.
7. Grupos de escalada são limitados por ora, diversifique os locais e horários. Não é o momento dos “projetos” e sim de uma prática mínima possível para que não haja aglomerações, gritarias e efeito “manada”.
8. Use álcool gel, magnésio líquido, diversifique as vias e escove as agarras.
9. Muito cuidado com a segurança durante a prática, não é recomendado você se expor demais nesse momento. Seja conservador na escolha das linhas que pretende escalar, ir parar no hospital pode não ser uma boa.
Para mais informações consulte: https://www.facebook.com/sbsclimb
Att.
SBS CLIMB – Comunidade de Escaladores de São Bento do Sapucaí
Eliseu Frechou
Guia de montanha e instrutor de escalada. Iniciou no esporte em 1983 e desde então se dedica ao montanhismo e à escalada tempo integral atuando em diversos segmentos, mas principalmente na organização de expedições, produção de documentários e filmes.
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