Califórnia 2017 – parte I – Mount Whitney

Califórnia 2017 – parte I – Mount Whitney
Arrumando as tralhas.

Arrumando as tralhas.

A temporada deste ano na Califórnia foi um pouco menos seca do que no ano passado. O plano para setembro era de escalar o Mount Whitney com o Rogério, e depois seguir com a Ana para o The Incredible Hulk.

A parte do Whitney foi corrida mas sucesso. Não conseguimos o wilderness permit para bivacar no pé da montanha, apenas um Day pass para subir e descer em 24 horas. No início achamos pesado dar o corre, pois a caminhada é bem acidentada, apesar de não ser longa. E a altitude dá uma enfraquecida no corpo, já que apesar de não ser tão alto (4.500m), o ganho é brusco. Lone Pine, onde está a Ranger Station, é quase na depressão da Califórnia, portanto quase no nível do mar.

Acordamos as 02h00 e após um rápido café, partimos acelerado ribanceira acima. Caminhar na madrugada é uma sensação muito diferente, principalmente se você está num ambiente desconhecido. Animais grandes como veados e racoons atravessando a trilha, e a possibilidade de cruzar com um urso, nos mantém em um estado de alerta constante. Como eu já havia feito a trilha várias vezes, não tive problemas de orientação, e logo ao nascer do sol, estávamos nas imediações do Iceberg Lake.

Pegamos mais um pouco de água, colocamos as pastilhas de iodo (bleah!) e iniciamos a escalaminhada até a base da via.

Rogério perto do Iceberg Lake.

Rogério perto do Iceberg Lake.

A falta de fôlego começou a pegar aí. Eu dava 20 passos e tinha que dar uma parada pra não infartar. Ao nos aproximarmos da base, notamos que o corredor de descida está coberto de gelo. Nessa hora, agradecemos por não termos subido com equipamento para pernoite. Sem necessidade de voltarmos para a base, tínhamos uma melhor opção de descida, que era de uma vez no topo, voltar pela rota da crista, que é uma caminhada de 18km até o ponto onde estava o nosso carro. Longe, mas seguro.

A via é conhecida e fluímos bem. A rota do East Butress é toda limpa. Apenas um piton em toda a extensão. As fendas são abundantes e a proteção depende mais do seu fator psicológico, do que da pedra. Levamos apenas um jogo de friends e um de nuts, e dá tranqüilo para proteger bem. Umas fitas grandes ajudam nas ancoragens naturais, laçando blocos e lacas.

O ambiente alpino é estupendo, e muito diferente do que vemos nas escaladas domésticas aqui do Brasil. Curtição garantida. Cada parada é uma viagem, deixando a imaginação perambular pelas montanhas ao lado.

Rogério no East Butress, com o Iceberg Lake ao fundo

Rogério no East Butress, com o Iceberg Lake ao fundo

 

Na metade do caminho.

Na metade do caminho.

 

A falta de oxigênio, mesmo diminuindo o ritmo, ainda se faz presente. Mas não nos impede de fazermos as 12 enfiadas em um bom tempo. Antes do meio dia, ligo o Spot e mando um salve pro pessoal do Brasil. Uso o satelital pra conversar com a equipe de casa, e após um rápido lanche, iniciamos a longa descida até o carro.

Topo!

Topo!

-Alô, Vitor? Como está a produção das cervejas esta semana?

-Alô, Vitor? Como está a produção das cervejas esta semana?

Gastamos mais uns dias escalando em Yosemite e depois fomos para San Francisco, onde O Rogério e sua esposa Nathália iriam para o sul da Califórnia, e eu encontraria a Ana para a segunda parte da trip.

ThanX: SOLO mountain wear, DEUTER mochilas e sacos de dormir, CAMELBACK garrafas e sistemas de hidratação, SPOT BRASIL sistemas de telefonia e sinalização satelital

Eliseu Frechou

Eliseu Frechou

Guia de montanha e instrutor de escalada. Iniciou no esporte em 1983 e desde então se dedica ao montanhismo e à escalada tempo integral atuando em diversos segmentos, mas principalmente na organização de expedições, produção de documentários e filmes.


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