Travessia da Serra Fina – até a Pedra da Mina e Ruah

Em 2009 tentei fazer a travessia integral da Serra Fina, mas uma chuva persistente de dois dias atrasou demais nosso grupo e fez a caminhada deixar de ser prazerosa para se tornar numa corrida em busca do próximo ponto de abrigo. Uma noite fria na Pedra da Mina nos fez querer descer, e acabamos abortando e retornando pelo Paiolinho. A travessia completa ficou para uma próxima vez. Semana passada foi a ideal para desengasgar esta tarefa.
O amigo e vizinho Waldir Joel já havia feito este trekking várias vezes, e queria repeti-lo em comemoração aos seus 30 anos de montanhismo. Combinamos então a pernada e apesar de convidar vários amigos com antecedência, foi a Nena Alava que, apenas um dia antes, resolveu entrar no grupo.
Saindo de Campos do Jordão, chegamos no início da caminhada, meia hora antes da Toca do Lobo, as 22h30 e logo seguimos até o Capim Amarelo, onde chegamos as 02h20 em meio a uma ventania muito forte.
O dia começou tarde. Saímos as 08h15. Decidimos fazer apenas mais um pernoite, pois a previsão de mudança de tempo para dali dois dias era um bom incentivo para tentarmos fazer todo o rolê secos.
A caminhada até a Pedra da Mina é bem abrupta, com trechos chatos de bambus que fecham a trilha, agarrando na mochila e fazendo o montanhista exercitar a paciência para não dizer muitos palavrões.
Chegamos à Pedra da Mina logo as 15h00. Assinamos o livro e para nossa felicidade, o tempo se abriu espetacularmente, mostrando toda a majestade da Serra da Mantiqueira. Como a ventania persistiu, demos um tempo pras pernas se recuperarem e partimos. A idéia era dormir no Vale do Ruah, onde há água (raridade nesta caminhada) e é distante 4 horas do Pico Três Estados.
Demoramos para achar a trilha que sai do rio, e chegamos já no escuro e com a ajuda do GPS no acampamento #18. Graças ao tracklog que o Luiz Gambá me dera anos atrás, nos orientamos corretamente em vários pontos de indecisão. A trilha percorre sempre cristas, mas nem por este motivo é de fácil orientação, e se a neblina cair, a falta de visibilidade será um grande problema. Melhor garantir e levar um oráculo, digo, um GPS.
Dicas:
+ fazer o trecho da Toca do Lobo até o Capim Amarelo, que é 90% de subida, a noite foi bem menos desgastante do que durante o sol do dia.
+ use uma mochila baixa, cargueiras altas vão lhe fazer querer desistir de caminhar.
+ Leve gorro, o vento é constante em toda a trilha e vai incomodar seus ouvidos se você não os proteger. Óculos também são um bom acessório para proteção da retina.
Related Articles
Mont Blanc 1 x 0 – Alpes 2014
A sabedoria diz que, antes de nos metermos numa roubada, o melhor é sempre perguntar pros amigos que entendem da
Pico dos Marins com chuva, vento, neblina – e o novo MONA
Fazia um bom tempo que eu não subia o Marins. Essa é uma daquelas montanhas que você curte muito durante
O verde da Pedra da Divisa
Hoje, fui com o Johann escalar no setor Corujas, que ele há tempos queria conhecer. Dificilmente vou à este setor