Cliff hangers e skyhooks – o que são e para que servem?

Cliff hangers e skyhooks – o que são e para que servem?

Para quem está começando a escalar em artificial ou conquistar, cliff hanger é tudo a mesma coisa. Não é. Aliás, o nome genérico correto para designar estas peças é ganchos, ou hooks.

Escalar com ganchos é sempre tenso. Treine para não passar veneno.

Escalar em artificial com ganchos ou parar neles para bater um grampo durante uma conquista é sempre tenso. Treine para não passar veneno.

Numa segunda classificação, os hooks são divididos em skyhooks (os maiores) e – aí sim – cliff hangers, os de tamanho menor que o cliff conhecido como Chouinard. Após essa classificação por tamanho, existem ainda hooks para agarras, outros específicos para lacas expansivas, fendas e buracos. Infelizmente, muitas dessas peças só são conseguidas depois de muita procura e algumas até precisam ser encomendadas mesmo em países como os Estados Unidos onde há uma cultura de escalada artificial bastante antiga.

 

Vou mostrar abaixo alguns tipos de hooks e suas utilizações, para que você possa começar a entender estas peças que são usadas quando você está literalmente na roubada e sem nenhuma opção mais segura para ascender… Lembre-se de que o uso correto delas pode lhe ajudar na hora de bater um grampo, passar um trecho de poucas agarras, ou se usados erroneamente, te lançar num vôo espetacular parede abaixo.

Obviamente que este artigo não tem o objetivo de substituir uma aula sobre o assunto, e muito menos a prática acompanhada de um instrutor que domine a técnica e pode lhe responder mais dúvidas do que o exponho nessas parcas linhas. Outro motivo para muito treino antes de uso numa situação em que uma queda pode ser perigosa, é que na maior parte das vezes, a colocação é feita baseada no tato, por ser difícil de visualizar a agarra. Isso acontece muito na escalada artificial, como visto no vídeo acima, onde eu não conseguia visualizar a agarra, tanto para saber se a borda era confiável, quanto para saber se a rocha era fraturada.

Cliff hangers

Cliff hangers

Skyhooks

Skyhooks

 

Algumas dicas de colocação

+ Escolha sempre o tamanho correto para cada agarra. Um hook pequeno demais para a colocação não vai encostar os pés na rocha, deixando-o instável. Já um hook muito grande numa agarra pequena vai ser forçado para trás, facilitando a saída da peça.

Cliff hanger com 3 pontos de apoio e bem estável.

Cliff hanger com 3 pontos de apoio e bem estável.

+ Não esqueça de que o hook tem que estar em uma superfície plana, se ela for inclinada para baixo, o hook vai deslizar. Em muitos casos, é necessário dar uma batida de leve com uma talhadeira de ¼” para fazer uma pequenino buraco na agarra apenas para impedir que o hook escorregue, mas neste caso você tem que usar hooks com ponta, como um Chouinard modificado num esmeril ou os da marca Pika que já vem “apontados” de fábrica.

Glappling hook em uma agarra quase plana. Cuidado para não puxá-lo para fora, mantendo a pressão para baixo.

Grappling hook em uma agarra quase plana. Cuidado para não puxá-lo para fora, mantendo a pressão para baixo.

+ O hook deve empurrar a agarra ou a laca para baixo apenas. Se você estiver colocando-o numa laca, tem que tomar mais cuidado ainda, pois se o hook entrar na laca como uma cunha irá quebrá-la.

Cliff hangem no seu ambiente de trabalho, durante a abertura da rota "Spacewalker" na Cachoeira do Tabuleiro.

Cliff hanger em uma laca. Cuidado para não quebrar a borda.

+ Nunca fique olhando para o hook, fique sempre olhando para baixo até passar a cabeça da altura da peça – se ele escapar virá em direção do seu rosto. Use capacete e óculos sempre.

+ Mantenha sempre pressão na daisy-chain e nos estribos para baixo, se você puxar para cima ou tirar a pressão dos estribos, certamente o hook vai sair da colocação.

+ Hooks de fenda, modelos grandes como os skyhooks e cam hooks podem ser usados como costura. Se estiver escalando em artificial, carregue vários repetidos e use-os para costura, alguns ultrapassam os 300kg de carga de ruptura e se seguram uma queda, pelo menos diminuem o impacto… e é sempre bom olhar para baixo e ver sua corda costurada em alguma peça, mesmo que seja uma proteção apenas psicológica.

Eliseu Frechou

Eliseu Frechou

Guia de montanha e instrutor de escalada. Iniciou no esporte em 1983 e desde então se dedica ao montanhismo e à escalada tempo integral atuando em diversos segmentos, mas principalmente na organização de expedições, produção de documentários e filmes.


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1 comment

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  1. Bruno
    Bruno 16 junho, 2020, 14:57

    Muito bom os betas..

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