Travessia da Serra Fina – parte I

A travessia da Serra Fina nunca é fácil. Demanda tempo, persistência para não desistir não meio do caminho e descer pelo Paiolinho e vontade de sofrer um pouco. Mas sempre vale muito a pena.
Dividirei este relato em dois capítulos para ficar mais fácil de ler e aproveitarei o final de cada um deles para falar dos equipamentos que usei na travessia.
Semana passada, no meio de junho, Ana, Orlando, Vitor e eu resolvemos realizar essa jornada, que teve de ser adiada um dia por conta de chuva. Iniciamos numa terça-feira ensolarada e pela primeira vez, pude ver a estrutura montada pela Associação de Proprietários da Serra Fina funcionando. Após tratarmos o traslado de Passa Quatro até a Toca do Lobo, fizemos o check-in na portaria pouco antes da Toca, e fomos muito bem recebidos pelo Jonas, que nos passou as informações necessárias sobre os pontos de água e acampamento.

A primeira parte da trilha é uma subida pra tatu de chuteira até o Capim Amarelo, passando pela cota 2.000m conhecida como Quartizito. Nesse ponto há um pequeno riacho com água corrente e é uma boa dica para não carregar peso extra até ali. Se você vai dormir no Capim Amarelo, precisa pegar água nesse ponto, pois depois dali, só no Maracanãzinho (incerto) ou no Ribeirão Vermelho, logo abaixo da Pedra da Mina, já na metade do dia seguinte.
Chegamos no Capim Amarelo bem cedo, e como o Jonas nos deu a dica de que poderíamos seguir até o Maracanã, uma hora e meia a frente, demos essa esticada para poupar as pernas no dia seguinte.

O Maracanã é um acampamento com menos visual do que o CA, mas é mais protegido do vento e se você esticar até o Maracanãzinho, ainda poderá obter água, numa bica temporária que bifurca 20 metros antes da entrada desse acampamento, numa trilha fechada a esquerda da trilha principal.
Chegamos no final do dia, com tempo suficiente para montar as barracas e descobrir onde estava a água. Noite calma, pouco frio e lua cheia.
Segundo dia – Maracanã-Pedra da Mina
O segundo dia começa mais tranquilo e vai subindo lentamente até o Ribeirão Vermelho, onde é necessário pegar água para passar a noite e seguir até a metade do dia seguinte e subir a íngreme encosta da Pedra da Mina, ponto culminante da travessia. O dia estava muito bonito, com sol e muitas nuvens nas cumeeiras, dando aquele visual que só a Serra Fina tem.

Aproveitamos a parada no Ribeirão para almoçar bem, descansar, tomar toda água podemos (ahahaha) e seguimos em frente, chagando ao topo dos 2798m de altitude da Mina, antes das 15h30. A neblina parece que nos acompanhou e fechou o visual até quase antes do anoitecer, quando o por do sol deu um espetáculo. A temperatura desabou abruptamente e antes do sol se pôr, a sensação térmica já era negativa. Felizmente estávamos bem equipados a não passamos frio dentro da barraca, mas fora dela a vida estava realmente difícil.
Jantamos cedo e nos recolhemos antes das 19h00. A noite foi de vendaval e o dia amanheceu com gelo cobrindo a montanha. O visual é lindo. Mas esteja preparado (a) para curtir sem passar frio.
Continua…

EQUIPAMENTOS
Bota feminina Trek500 – Ana está usando este modelo a mais de um ano e tem curtido bastante. O cabedal é bem estruturado e extremamente confortável. O couro ajuda a manter a bota mais resistente a abrasão do que materiais sintéticos, apesar de demorar mais para secar. Eu tenho a versão masculina que é sintética. Grande escolha para caminhadas longas e com peso nas costas pois o cano alto dá mais suporte e ajuda na estabilidade, além de evitar pequenas torções.
https://www.decathlon.com.br/bota-feminina-de-trekking-trek100-couro/p?skuId=61205

Saco de Dormir de Trekking 0ºC penas Forclaz – Performance incrível pelo peso. Como eu estava com segunda pele, passei calor mesmo com temperatura negativa formando cristais de gelo dentro da barraca.
https://www.decathlon.com.br/saco-cama-de-trekking—mt900-0-c2-b0c—penas—minimal-editions-8736672-cinza/p?skuId=576831

Calça Masculina Trilha MT 500 Forclaz – Este modelo veste muito bem, tem um caimento sem sobras (o que me incomodaria) e seca rápido. É feita com 3 tipos de tecido usados estratégicamente em áreas que exigem mais resistência ou flexibilidade. Tem bolsos laterais que para mim são essenciais e já vem com cinto.
https://www.decathlon.com.br/calca-masculina-trilha-trekking-mt-500-laranja-8853735-forclaz/p?skuId=492618
Jaqueta Insulate Solo – meu agasalho para qualquer situação seja na cidade ou em campo. Boa proteção contra o frio e o vento. Extremamente leve.
https://loja.solo.ind.br/jaqueta-insulate-ts-masculina-verde-olive-1788793034/p

Bastão de Trilha Mt100 Forclaz – Equipamento essencial para quem caminha com peso nas costas. Ajuda a poupar seus joelhos e garante estabilidade nas descidas. Esse modelo é bem barato e cumpre a função.
https://www.decathlon.com.br/bastao-de-trilha-mt100-cinza-8807204-forclaz/p?skuId=178231
Lanterna Frontal de Trilha Recarregável – HL900 USB V3 – 600 Lúmenes Forclaz – Sensacional. A bateria USB durou 3 noites (umas 6 horas totais) em temperatura baixa e não precisei usar pilhas.
https://www.decathlon.com.br/lanterna-frontal-recarregavel—hl900-usb-v3—600-lumenes/p?skuId=129153

Mochila Alpamayo 50+10 Deuter – Este modelo é muito parecido com a antiga e premiada Aircontact Pro que eu usei muitos anos, e curtia demais, com diferenças mínimas e feita num tecido mais leve. Recomendo muito, principalmente se você não for caminhar com muito peso.
https://www.nautikalazer.com.br/mochila-alpamayo-50-10-sl-deuter/p?srsltid=AfmBOorTpoehWiaKy3JVhWDoRiX2eiGmCtOJCc3ASx3XngKT5Q4Z2sCH

Gorro Térmico Solo – Ítem essencial para qualquer caminhada por lugares ventosos.
https://loja.solo.ind.br/gorro-termico-com-pompom-pine-tree-forest-1942363638/p

Eliseu Frechou
Guia de montanha e instrutor de escalada. Iniciou no esporte em 1983 e desde então se dedica ao montanhismo e à escalada tempo integral atuando em diversos segmentos, mas principalmente na organização de expedições, produção de documentários e filmes.
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