Yosemite 2022 – parte I


Rafael Cecília no Southwest buttress do Catefral Peak, em Tuolumne Meadows.
Este ano tive o privilégio de pisar no vale de Yosemite duas vezes, com a Paloma Yamagata em abril durante a primavera e em agosto já no final do verão, totalizando 14 viagens. Este é um lugar que me formou como escalador de grandes parede e profissional, me ajudando a entender a engenharia e a realidade das ascensões de alto nivel. Tenho um vínculo muito forte com esse lugar, que respeito e reverencio como uma das mecas da escalada mundial.
Na chegada em San Francisco encontro com o Rafael Cecília e a missão com ele era realizar um treino avançado de artificial e escalarmos as clássicas de Yosemite. A West Face da Leaning Tower é um dos melhores points do vale para aprender e refinar a técnica em artificial. A rocha é boa, as colocações em geral são bombproof e a sequência de boas fendas é bem constante. Treinamos na primeira enfiada da via no primeiro dia e logo partimos para escalar outras vias trads, algumas curtas e outras longas como a incrível Southwest buttress do Catedral Peak em Tuolumne Meadows, que fizemos bem rápido, partindo de Yosemite as 04h00 e retornando no início da tarde.

Rafael na West buttress da Leaning Tower
O Catedral peak, por qualquer das rotas ou variantes (muitas) é uma das escaladas mais bonitas na parte alta de parque, num ambiente quase alpino. Toda em móvel, são 6 enfiadas num granito de boa qualidade e generoso em agarras e fendas. Apenas um pequeno trecho no meio da via é necessário cuidado com as lacas soltas.

O lindo granito branco de Tuolumne Meadows; Southwest buttress, Catedral Peak.

Rafael na Bishop’s terrace, um 5.9 de responsa, principalmente no calor de 36°C que fazia nessa tarde.

Kamon! Nick Martinez, eu e Rafael no rolê.
Apesar de ser sempre muito legal e inspirador escalar na Califórnia, a cada ano que vou fico mais preocupado com as mudanças climáticas que estão acontecendo por lá. Ano após ano, as represas que são abastecidas por água de degelo, estão secando. As queimadas estão cada vez mais devastadoras e o ar as vezes fica tão pesado de fumaça que é difícil respirar. Espero que os americanos consigam de alguma forma reverter ou lutar para amenizar esse ciclo de seca, para que este lindo estado não se transforme em um deserto num futuro próximo.

Ar difícil de respirar. O vale de Yosemite encoberto pela fumaça das queimadas.
Continua…
Eliseu Frechou
Guia de montanha e instrutor de escalada. Iniciou no esporte em 1983 e desde então se dedica ao montanhismo e à escalada tempo integral atuando em diversos segmentos, mas principalmente na organização de expedições, produção de documentários e filmes.
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