Escaladas em Piraí do Sul

by Eliseu Frechou | 26 de fevereiro de 2022 16:10

Foi apenas na quarta tentativa de visitarmos Piraí do Sul, que tivemos sucesso. As chuvas constantes na época de férias foram responsáveis por frustrar as três primeiras investidas. Problema crônico de quem tem folga nos meses chuvosos e de menor movimento no mercado de montanhismo, e acaba aproveitando pouco da escalada no sul e sudeste do Brasil, preferindo ir para o nordeste.

Este ano, mesmo em pleno verão e com chuvas insistentes em São Bento do Sapucaí, a oportunidade surgiu novamente, impulsionada por uma viagem de negócios marcada às pressas, relacionada a nossa cervejaria[1] à Santa Catarina, na qual poderíamos mudar um pouco o trajeto e termos 3 dias para escalarmos em Piraí do Sul, se o clima permitisse. Mandei uma mensagem para os confederados locais e o Ed Padilha estava na gana de ir conosco. Espetacular termos a companhia de um dos Xerifes dos arenitos, que junto com Valdesir Machado e William Lacerda, foram os responsáveis pela grande revolução que a escalada paranaense teve nas regiões de Ponta Grossa e Serra do Mar.

Piraí do Sul fica a menos de 1h de carro desde de Ponta Grossa, em uma região paranaense bastante rica devido ao agronegócio, onde a soja domina o horizonte. Olhando para essa paisagem, é fácil entender que o Paraná ficou pequeno para esses produtores, que nas décadas passadas foram migrando para o Mato Grosso e Goiás a procura de mais terras para o plantio do cereal.

Setores Corpo Seco (esquerda) e Torre dos Ventos

Setores Corpo Seco (esquerda) e Torre dos Ventos.

Fomos Ana, Artur e eu. Ao chegarmos nas terras do sr. Adão, fomos recebidos pela D. Verônica, que nos explicou as regras do local e nos orientou sobre onde parar o carro, área de camping e banheiros.

Chegamos no meio do dia, e como havíamos combinado com o Edemilson Padilha de nos encontrarmos apenas no dia seguinte, subimos com o croqui para nos acharmos no setor, mas logo encontramos o Mineiro de Ponta Grossa e ele nos apresentou as vias filés dos setores mais a direita.

Começamos aquecendo num 6° grau misto chamado Old Style, que tem uma saída apimentada para a base.

Ana finalizando a "Old style"

Ana finalizando a “Old style”

Na sequencia crescemos os olhos na Abelhas me mordam, e começou o espanco. Via de 7a com sensação de 8° para quem chega pela primeira vez nesse arenito. A proteção é boa nos lances iniciais, mas escasseia após a travessia em direção à chaminé e rola um esticão no final. A cor da rocha é um capítulo a parte. Ana ainda mandou a Stairway to heaven e terminamos o dia. E o lugar é lindo, como podemos comprovar no dia seguinte, quando o Ed nos levou para um tour pelos setores mais à esquerda.

"Abelhas me mordam". Imagem Artur Frechou

Suei pra passar o crux da “Abelhas me mordam”, ahahaha. Imagem Artur Frechou

Já com o Ed, entramos na Medo dos medos. A via é muito bonita, mas o lance chave estava molhado e me deu trabalho o suficiente para que depois de um tempo, desencanasse e artificializasse. O Ed guiou na sequencia e mandou bem o trecho.

Ed na

Ed no crux da “Medo dos medos”

Aos poucos a gente vai mudando a chave e entendendo o estilo do lugar. A próxima via foi a Muito mais do que lindia, no setor Doce Veneno. A via começa com umas passadas exigentes em diedro/chaminé, bem protegidas por friends e depois segue em móvel para a esquerda e lances mais fáceis e igualmente bem protegidos. Outra via nota 10.

No final do dia, Ana mandou a Limão com açúcar e terminamos o dia.

Ana na "Limão com açúcar"

Ana Fujita na “Limão com açúcar”

No terceiro dia fomos conhecer a Torre dos Ventos, que tem uma orientação mais esportiva. Para este setor é necessário uma pequena caminhada na mata sombreada e a grande vantagem é que sempre há vias na sombra.

Ed numa das vias do setor Torre dos ventos.

Ed numa das vias do setor Torre dos ventos.

Fizemos algumas vias na casa do 6° grau com proteção fixa e assim que o sol baixou, resolvemos voltar para o setor Anfiteatro e entrarmos na recomendadíssima fissura Corpo seco, clássica do lugar e primeira via de Piraí, para captarmos mais umas imagens

Ed na fissura "Corpo seco"

Ed na fissura “Corpo seco”

Já com dedos e mãos doloridas, saímos com chuva da última via e seguimos para Ponta Grossa a tempo de comermos uma pizza com o William no seu pub La Base.

William Lacerda e Ed no pub La Base.

William Lacerda e Ed no pub La Base.

O setor Corpo seco dista 40min de carro da cidade. Para escalar é necessário passar antes na casa do sr. Adão que é o proprietário do Morro e pagar uma taxa de R$ 15,00 por dia/pessoa. Existe também a possibilidade de acampar numa área já reservada para isso. Há torneiras de água potável perto dos banheiros (com chuveiro quente) e no camping. A cidade de Piraí do Sul tem supermercado, restaurantes e hotéis.

Ficamos na Pousada Sítio Campina Da Serra da Sra. Edina Guedin +55 42 9989-8982

Se planejar escalar vias em móvel, o rack é ostentação: leve ao menos 2 jogos completos de cams, incluindo micros ou TCU’s e grandes até #6.

Mais infos:

Mountain Voices #129

Mountain Voices #129

http://mountainvoices.com.br/mv129.pdf[2]

Endnotes:
  1. cervejaria: http://www.bauzera.com.br
  2. http://mountainvoices.com.br/mv129.pdf: http://mountainvoices.com.br/mv129.pdf

Source URL: https://eliseufrechou.com.br/escaladas-em-pirai-do-sul/