Distraídos Venceremos em 2 dias

Distraídos Venceremos em 2 dias

Em 1992, já morava em São Bento do Sapucaí há 3 anos e a parede da face norte da Pedra do Baú só tinha a via Domingos Giobbi, conquista do Luiz Makoto e Hugo Armelin, mas mesmo essa via, não partia desde o chão, pois o acesso é feito por meio de dois rapéis do Col, acessando o platô que cruza o Baú e depois inicia uma enfiada independente até o platô da via das Abelhas. Esta sim, saia do chão, mas foi abandonada pelo Adalbert Kolpatzik devido a má qualidade da rocha acima do platô, e num tempo onde as proteções eram instaladas quase que totalmente na marreta, a ideia de fazer uma sequencia de grampos tão longa, até eventualmente encontrar rocha sólida, deve ter lhe parecido pouco agradável. Daí que em 1991 eu já mirava uma linha possível a direita da Domingos e assim, chamei o Edson “Du Bois” Struminski”, O José Luiz “Pudim” Pauletto e o Antonio Carlos “Bito” Meyer e com o patrocínio que consegui da marca de roupas TKTS, conquistamos a Distraídos Venceremos.

Chegando da base da "Rampa da Morte"

Chegando da base da “Rampa da Morte”. Ana fazendo a limpeza da enfiada mais exposta da via.

Já fiz essa via em solitário, em 4h30 com o Marcio Bruno Oliveira e em um dia com a Ana. Mas semana passada Ana e eu decidimos escalá-la em dois dias, para treinar a montagem de portaledge, e todas as demais técnicas de pernoite em parede, visando algo maior no futuro.

Mesmo tendo repetido essa via tantas vezes, ela ainda continua um bom desafio e demanda muito trabalho, e se for carregando muita água, equipamento para pernoite, o que implica em içamento da carga, mais trabalho ainda. Mas tudo é treino, não é? E o esforço vale a pena pelo visual de uma noite sob as estrelas – e satisfação após tudo ter terminado bem.

Montagem do portaledge

Montagem do portaledge

Visual!

Visual!

Amanhecer no vale de São Bento do Sapucaí.

Amanhecer no vale de São Bento do Sapucaí.

Ana limpando a penúltima enfiada. Vários pêndulos, cliffs e heads.

Ana limpando a penúltima enfiada. Vários pêndulos, cliffs e heads.

 

O Guia de Escaladas da Pedra do Baú e Região Sul de MG tem o croqui dessa via: https://eliseufrechou.com.br/guia-de-escaladas-da-pedra-do-bau-e-regiao-sul-de-mg-como-comprar/ 

 

ALGUMAS IMAGENS HISTÓRICAS

Adalbert Kolpatzik na "via das Abelhas", antes de acessar o platô onde passa a "Domingos Giobbi" Acervo Edson Natal

Adalbert Kolpatzik na “via das Abelhas”, antes de acessar o platô onde passa a “Domingos Giobbi” Acervo Edson Natal

 

O traçado imaginário da via, e a equipe de '94

O traçado imaginário da via, e a equipe de ’94. De azul Antônio Sertão, Eu de calça verde, Pauletto mais a direita, Bito e Du Bois de costas Imagem de Carlos Zaith.

 

Du Bois jumareando a quarta enfiada. Imagem de Carlos Zaith

Du Bois jumareando a quarta enfiada. Imagem de Carlos Zaith

 

Quando subi em solitário em '96. Imagem Marcio Bruno.

Quando subi em solitário em ’96. Imagem Marcio Bruno.

Eliseu Frechou

Eliseu Frechou

Guia de montanha e instrutor de escalada. Iniciou no esporte em 1983 e desde então se dedica ao montanhismo e à escalada tempo integral atuando em diversos segmentos, mas principalmente na organização de expedições, produção de documentários e filmes.


Tags assigned to this article:
AnaBig wallDecathlonDeuterPedra do BaúrocxSolo

Related Articles

Escalando em Andradas – Até que enfim!

Depois de várias dezenas de promessas em ir visitar Andradas, onde provavelmente estejam concentradas a maior parte das vias tradicionais

Uma porção de metros na Ana Chata

– Quantas vias será que conseguimos fazer na Ana Chata no período de luz? – Sei lá, @rogeriojorge2 vamos lá ver? Na

Escalada tradicional – segurança de cintura

  Antes do advento de qualquer dispositivo de segurança, a segurança de corpo, passando a corda pelas costas na altura

No comments

Write a comment
No Comments Yet! You can be first to comment this post!

Write a Comment